dobras
penso no menino que num domingo de Páscoa põe sua banquinha na rua e além de vender Origâmis também ensina a fazer dobras que brotam do papel liso revelando um segredo é na dobra que todo ser ganha forma
o gesto próprio nasce do risco do amassar do papel sem saber qual contorno
no levantar de todo pincel um ato de coragem de borrar os possíveis e ser feio! ser horrível! a coragem última é a de traçar a si mesmo e ser cada traço em cada traço o ser
ainda não se sabe o que pode um corpo mas, se penso com o corpo, sei que preciso desfazer a dureza dos triângulos que preciso habitar as bordas como um ato de fé na vida no erro na curvatura das montanhas
e, afinal, toda curva surpreende mais que uma autoestrada


lindo final
❤️